quarta-feira, 20 de maio de 2009

O exemplo do Inter

Não. Esse não é um texto de babação de ovo gratuita a favor de um outro time, fruto de um complexo de vira-latas corneteiro-palmeirense. Este é um texto de constatação, pura e simples.

O Sport Club Internacional viveu nas décadas de 80 e 90 um de seus períodos mais difíceis, chegaram a ser ameaçados de rebaixamento em 99.

Aí aconteceu Fernando Carvalho. Não que uma andorinha possa fazer verão, mas a postura do Inter mudou. O time se estruturou no que pode, passou a revelar jogadores em suas divisões de base (Lúcio, Fabio Rochemback, Nilmar, Rafael Sóbis, Alexandre Pato, Daniel Carvalho, entre outros), valorizar seu patrimônio com um centro de treinamento decente, reformar e modernizar o seu estádio de forma responsável, sem projetos mirabolantes, fortalecer o clube como um todo e não personalidades dentro dele e como resultado disto tudo, voltou a figurar como um dos grandes no cenário nacional e a brilhar no cenário internacional com uma Taça Libertadores e um Campeonato Mundial.

Se qualquer um tiver curiosidade e for buscar no Google, isso mesmo, no simples e prosaico site de pesquisas que está ao alcance de todos, algumas análises sobre as razões da volta da grandeza do Inter, esta pessoa verá que grande parte deste feito é creditada ao fortalecimento das divisões de base, à valorização da "prata da casa" e a sua negociação por valores que atendam aos interesses do clube.

Uma instituição aonde não existe treinador estrela, aonde um jogador declara, como fez o Andrezinho (autor do gol contra o Flamengo, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil/2009), que prefere estar ali sendo um reserva do que ser titular em clube sem expressão e estrutura.

Com esta aparentemente simples receita, o Inter ganhou a taça continental, a mundial, uma Sul-Americana e hoje, orgulhosamente, pode dizer que é "Campeão de Tudo", sem precisar de e-mail, de concessão da FIFA ou de fax para tal.

Mas vamos voltar ao planeta Terra, ou melhor, ao "planeta Palmeiras", que é aonde vivemos as agruras deste clube pelo qual escolhemos torcer. Em que o exemplo do Inter é seguido e em que é totalmente abandonado quando se trata de Palmeiras?

Primeiro, essa novela de "arena". Essa coisa, esse monstrengo, esse cacareco, essa maquete eterna é o retrato de um clube que promete demais, "planeja" demais, mas nunca coloca seus pés no chão.

No Palmeiras a coisa funciona assim: sonhe bem alto, muito mais alto do que possa imaginar, depois, quando a realidade bater à porta, ao invés de simplificar e ser apenas "realista", seja medíocre.

Por isso, volta e meia sonham com Sóbis, Fred, Vagner Love e quando caímos na mediocridade reinante vemos Max, Florentin, Alex Afonso. Por isso sonhamos com a maquete coberta, que a W Torre construiria algum dia e nos deparamos com o velho cimentão que teve como máxima intervenção do clube a colocação de uma "área vip" aonde os sortudos que pagam caro levam chuva pela cabeça em dias de tempo fechado e sol em dias quentes.

Porque não, ao invés de sonhar com uma "arena" que estaria pronta em 2010 e agora vai começar suas obras em 2010, o Palmeiras não fez um projeto simples de fechamento do anel do Palestra Itália, cobertura de suas arquibancadas, modernização dos banheiros e acessos e pronto, teria um estádio simples, mais acolhedor e o que é melhor: real.

Afinal, quem gosta de maquete de estádio é corinthiano.

Depois, voltando ao exemplo do Inter, porque ao invés de arrendar seu elenco principal e virar vitrine de padaria para os "sonhos" mofados da Traffic, o Palmeiras não valoriza suas divisões de base, revela jogadores bons, vence jogos com eles, negocia-os por bons valores e aí entra no mesmo ciclo virtuoso que o Inter entrou?

Mesmo com uma divisão de base sarnenta, largada, negligenciada, o Palmeiras revela jogadores como Ilsinho e Souza, que para mim são equivalentes a algumas das boas revelações do Colorado gaúcho.

Mas porque então se a receita é simples, o Palmeiras não a segue? Eu, sinceramente, não sei. Não acreditei muito que a eleição de Luiz Gonzaga Belluzzo fosse mudar algo, mas ainda assim torci para que estivesse errado.

Porém, vejo que trata-se de um bom homem, torcedor do clube, mas sem pulso algum para ser o nosso Fernando Carvalho e mandar a Traffic procurar um time pequeno para sugar o sangue, mandar a W Torre levar sua maquete para a Marginal sem número e mandar todo mundo que se acha maior do que o Palmeiras para o diabo que os carregue.

Ele é conciliador demais, calmo demais, banana demais.

Continuamos, sob o seu comando, com as negociações que viram novela, com os adiamentos na obra da tal arena, com o monte de diretor disso e daquilo se imiscuindo nos negócios do clube, com um time que é vitrine de empresário e com a dieta de títulos.

O Palmeiras precisava de uma pessoa simplória. Não de um renomado economista, de um poliglota ou de um neuro-cirurgião, mas de uma pessoa que planejasse menos e fizesse mais. Que chegasse no clube, chamasse alguns funcionarios e dissesse "vamos começar reformando estes banheiros, metam a marreta em tudo que eu vou mandar comprar o material".

De um presidente que chegasse pro treinador e dissesse "temos nossa divisão de base, trate dela com o mesmo carinho com que você trata os jogadores do empresário que te dá 20% de comissão". Que fizesse um Centro de Treinamento para estas categorias que fosse excelente, porque dali sairia a fortuna do Palmeiras.

Um cara que pensasse simples, mas que fizesse mais e falasse menos. Talvez assim o Palmeiras pudesse um dia também ser o "campeão de tudo", ao invés do "campeão de quase nada" que é atualmente.

Espelhos para mirar não faltam, só precisa que se olhe direito.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Libertadores é sofrimento

Ufa! Que jogo hein? Dramático, sofrido, suado, vencido nos penalties, ou seja, a cara da Libertadores.

Não existe palmeirense, vivo ou morto, que não esteja feliz com esta classificação. Nosso time (e nossa torcida, é claro) tinha essas oitavas-de-final engasgadas desde a bi-eliminação para os bambis em edições recentes. O Palmeiras precisava livrar-se do estigma de só chegar até aí, e livrou-se.
Foi uma dessas classificações que engrandecem um time dentro da competição(chavão batido, mas verdadeiro).

Como destaques, vejo o garoto Souza, que me faz ter esperanças de um grande futuro, a vontade do Pablo Armero e o lampejo do velho Marcos, que voltou a ser o goleiro de 1999, que decide na hora que precisa, ainda que tenha falhado no gol do Sport.

Marcos aliás é um caso para estudo. Se computados os resultados gerais dele, sua carreira no Palmeiras não é nenhuma "Brastemp". Poucos títulos, um rebaixamento, aquele desastre no Japão. Mas são jogos como os de hoje que criaram e recriaram a sua mística de grande goleiro, de "goleiro das grandes decisões".

Não sou fã dele pelo conjunto da obra, mas não tenho como negar que quando sua estrela resolve brilhar, o Palmeiras tem muito a agradecer a ele. Se ele fosse sempre assim, eu pelo menos não o esculhambaria tanto. Que nesta reta final de sua carreira, ele possa viver mais momentos como este e, quem sabe, até levantar um troféu lá em Dubai, livrando-se do estigma de 99.

Só que...pois é, corneteiro sempre tem um "mas", o Palmeiras não chegará nem à ante-sala do Aeroporto para um vôo da Emirates, se suas (muitas) falhas não forem corrigidas.

Temos um atacante que só presta para fazer gols no Marília, Portuguesa, Mogi Mirim. Isso é um problema, pois o Keirrisson e suas meias brancas e camisa engomada ao final de boa parte dos jogos não ajudam em nada o Palmeiras.

Nosso elenco é pífio. Temos contado com muita, mas muita sorte mesmo e com estrelas individuais, que tem brilhado quando precisamos, como é o caso do Cleiton Xavier contra o Colo Colo e agora do Marcos, contra o Sport em Recife.

É muito, muito pouco para quem deseja levantar uma Taça Libertadores e, quem sabe, até um Mundial, título inédito na história do Palmeiras.

Precisamos de um lateral, precisamos de um atacante, precisamos de mais qualidade na zaga, precisamos de um bagre que saiba pelo menos marcar e não seja bizonho como esta múmia que ressucitaram não sei de onde, que é o tal do Mozart.

Enfim, tal qual eu disse após o jogo contra o Colo Colo, o Palmeiras precisa se mexer. Dar alguma qualidade ao seu elenco para, na hora em que precisar da sorte, não seja só com ela que o time tenha a contar.

Estou feliz pela vitória, aliás, pela classificação, porque perdemos o jogo. Só que assistir o Palmeiras jogando feito um time pequeno não me dá tranquilidade e nem confiança.

Nossa diretoria precisa correr. Perderam tempo entre a fase de grupos e as oitavas, e passamos por elas no sufoco. Se perderem tempo outra vez para as quartas-de-final, pode ser que não haja tempo para fazer nada depois e aí, nesse caso, tome notícia da tal "arena" que essa semana já anunciaram que ficará para o "ano que vem".

Não estou pedindo que vocês, ilustres palestrinos incompetentes e inertes que dirigem o clube, construam uma arena multiuso que está muito além de suas capacidades. Peço apenas dois ou três nomes que possam ajudar este time a fazer história dentro de campo, já que vocês fazem um péssimo trabalho escrevendo-a fora dele.

Afinal, Libertadores é sofrimento, mas a gente não precisa colaborar para sofrer mais do que o necessário.

Avanti, Palestra! Que a sorte não o abandone!
 
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